top of page

“Nossa Opinião”: Viver de forma ARACAJUANA


Ao ensejo dos 168 anos de nossa querida, bela e agradável Capital dos sergipanos, convém relatar as preciosidades desta urbe que tem o sabor, o ritmo e a cor de todos os sergipanos, porque vocacionada, desde o seu planejamento, para ser a porta entre Sergipe e o mundo. E não apenas, por estar no Litoral, mas por sua qualidade e admirável beleza, associada à ternura com que trata os seus, nascidos ou adotados.


Vi era de forma ARACAJUANA é banhar-se nas águas de Atalaia, saborear bom caranguejo; pedir as bênçãos ao Bom Jesus dos Navegantes, no primeiro dia do ano. É mergulhar no rasgadinho e nas diversas manifestações carnavalescas, revivendo o Cotinguiba, o Vasco, a Associação Atlética, nos dias de foliões.


É subir a Colina de Santo Antônio, para suplicar ao casamenteiro bênçãos para toda a família. É banhar os pés nas águas de março que invadem este chão! É passear na Maloca, símbolo autêntico da resistência. É ir ao Tales Ferraz fazer a feira. É visitar o Parque Teófilo Dantas, nas noites de Natal, lembrando o antigo arroz de galinha. E de divertir no carrossel de Tobias, e se encantar de Amor, na praça romântica e iluminada. É chegar a Rua de São João, para o arrasta-pé, nas noites juninas. É assistir no clube do chorinho, o diferenciado som que nos faz delirar. E saudar Maria Feliciana, a mulher e o edifício, numa demonstração de verdadeiro amor às tradições belíssimas.


É ir ao Serigy, ao Cirurgia, obra de Chico Leite, encontrar as meninas cuidadas por Dona Bebé, o ver os idosos no Sane e no Rio Branco, para se deliciar com suas estórias encantadoras! É assistir ao desfile de tototós, nas águas do Rio Sergipe, as mesmas que deram fama ao Prático Zé Peixe. É comer beiju, mal casado, pé de moleque, pamonha, canjica, amendoim cozido, buchada, feijoada e peixe na palha. É assistir a procissão da Imaculada, e virar o ano, nas areias embrumadas de Atalaia.


É ouvir João Melo, Melins, Clemilda, Josa, Rogério, proclamado o país do forró! É curtir, num único abraço, todos os braços suados, que deram vida, cor, alegria e brilho à aniversariante. E ouvir o apito das fábricas , no B. Industrial, ouvir o bonde, as marinetes enfileiradas na Rua da Frente, sentar na Ponte do Imperador, e sentir de perto o cheiro da Barra, com o frescor do cento que, por vezes, se faz agitar.


É visitar o Atheneu, a Escola Normal, a Faculdade de Filosofia, de Direito e de Ciências, berço da UFS. É a prender com Jackson de Figueiredo, com Gumercindo Bessa, com Fausto Cardoso e Olímpio Campos. É pedir benção a Frei Miguel e ao Padre Pedro, pelas ruas de Ará. É ver a marisqueira, o verdureiro com suas formas ambulantes de nós trazer tempero ao paladar. É ver o Nossa Senhora de Lourdes repleto de meninas a mergulhar nas Letras. É ver o Cacique repleto de casais apaixonados, a Iara com seus deliciosos sorvetes, a cinelândia, a padaria garças, o lambe-lambe, para o foto de fim de ano. Ah! Aracaju de nossas histórias, de nossas lutas, sonhos e realizações. Ah! Como é bom viver Aracaju.


Mas, há também, a violência, a pobreza, o analfabetismo, as favelas, o povo de rua, que tem por teto o céu e por cobertor, papelão! O desemprego, os ônibus lotados e atrasados, as filas nos hospitais, e a dificuldade de locomoção. Sai coroas de espinhos que circundam o dorso desta nobre e respeitável cidade!


Desejamos que cessem as dores, que cresçam os ritmos, as danças e as cores! Que todo grito seja de alegria, e não de desespero. Que as cadeias se esvaziem e os bancos escolares fiquem abarrotados de saberes; que a paz e a justiça reinem e que a fé, em suas variadas expressões, seja testemunhada para ser o sinal de esperança.


Aracaju dos grandes homens, das grandes lições, das grandes obras, seja, também, a grande Mãe de um povo bom, ordeiro e trabalhador. E, como mãe e mestra, acolha a todos, sem deixar ninguém de fora. O seu passado é glorioso; o seu presente é fecundo, mas o seu futuro tem de ser próspero, sobretudo no que atinge a dignidade dos aracajuanos.


Isso é viver Aracaju. Parabéns, Menina Bela de Inácio Barbosa e de todos os sergipanos.


Essa é a nossa opinião.


(Exibido no Programa “Cultura Notícias” do dia 17 de março de 2023)



Foto: André Moreira/AAN

bottom of page