
PREZADOS OUVINTES,
No próximo dia Sete de Setembro, o Brasil comemorará 200 anos de Independência, fazendo menção ao famoso grito do Ipiranga, através do qual, o Imperador Dom Pedro I teria tornado o Brasil livre da Coroa portuguesa. Embora estudos históricos revelem que os fatos não se deram exatamente conforme foi passado oficialmente para a história do Brasil, o Grito se tornou um marco da independência e, ainda hoje, é o maior referencial para a comemoração da autodeterminação deste país.
Com a Independência, tem-se o nascimento de nosso País como uma Nação Livre, autônoma e capaz de se autodeterminar, sem a submissão a outro país ou a outros povos. Uma pergunta, entretanto, surge ainda meio sem resposta: qual porção do Brasil se tornou independente? Que classe social se tornou livre? Para os pobres, isto é, aqueles que não possuíam títulos de nobreza, e para os escravos, a situação política continuou sendo a mesma: opressão, exploração econômica e do trabalho.
Para a classe burguesa, que ascendia economicamente pela produção mineradora e pela lavoura, o domínio português significava pesada tributação, monopólio na exportação dos produtos brasileiros, além do peso de ser colônia. O liberalismo econômico passou a vigorar no mundo, e o colonialismo, sobretudo com a independência dos Estados Unidos, passou a ser muito criticado.
Antes já houve inúmeras tentativas de separar o Brasil de Portugal, sendo as principais a Inconfidência Mineira e a Conjuração Baiana. Todas de interesse das classes mais abastadas, pois pretendiam ter maior liberdade no assunto comércio e exportações, sem a canga de Portugal.
De qualquer forma, comemorar a independência é um ato conveniente a todos os brasileiros. Mas, resta claro que nem todo o Brasil, nos dias atuais, é um país livre. E isso, porque, enquanto houver fome, miséria, violência, falta de emprego e renda, falta de habitação digna, precariedade na saúde e na educação, não se pode falar em povo livre.
Como proposta de comemoração, foi trazido o coração de Dom Pedro I para o Brasil, um fato que pouco diz aos brasileiros. Incrementar a liberdade, eliminando as causas das chagas sociais, sobretudo a corrupção que campeia em todos os governos, buscando-se mais emprego e renda, mais qualidade na educação, e melhorias na saúde, o povo vai passar a entender o que é independência e sobretudo o significado do Grito: INDEPENDÊNCIA OU MORTE. Se se enxerga apenas a morte, ou os elementos que a ela conduzem, como esses já citados, o povo vive mais próximo à morte, como sinônimo de exploração, de submissão, do que de independência.
Ter patriotismo é muito mais do que fazer referência às cores da Bandeira Nacional; é muito mais do que reverenciar o coração do imperador; é lutar para que todos tenham lugar ao sol; é promover as reais condições de vida digna a todo o povo brasileiro. Dessa forma, o Brasil passará a ser independente, de fato. Mais do que trazer o coração do imperador, sob a forma de relíquia, melhor seria cuidar do coração do povo brasileiro, para que fome e a miséria deixem de ser notícia de capa.
Essa é a nossa Opinião.
(veiculado no Programa “Linha Direta” de 02 de setembro de 2022)
Portal C8 Notícias
Foto: O Atibaense/divulgação