
Prezados Ouvintes,
Nesta quinta-feira, celebramos a solenidade de CORPUS-CHRISTI, uma ocasião para conhecermos mais a fundo o Mistério da Eucaristia, presença do Senhor Morto e Ressuscitado, para a nossa Salvação, e para a nossa Esperança. A presença real de Cristo, no Augusto Sacramento, é-nos indicada pelo mesmo Senhor, na última ceia, quando ele diz: “tomai e comei, isso é o meu Corpo; tomai e bebei, isto é o meu Sangue”. E segue o mandado: “fazei isso em memória de mim”! Os Evangelhos de Mateus, Marcos e Lucas nos narram expressamente.
Com o passar dos anos, num tempo em que a Liturgia da Igreja condensou os dias de preparação para a Páscoa, como sendo de penitência e de jejum, entendeu ser oportuno o dia especial, reservado à celebração mais efusiva da Sagrada Eucaristia, Sacramento de Salvação, Perdão, Ação de Graças, Comunhão e partilha de vida. Aliás, todas as passagens alusivas à Eucaristia revelam sempre o pão partilhado e o sangue derramado, numa alusão clara ao Sacrifício da Cruz.
A piedade popular, na Europa medieval, encarregou-se de instituir o dia de Corpus Christi, no Século XIII, para a adoração e para os louvores alusivos ao Senhor Eucarístico. Entretanto, não se podem esquecer as dimensões comunitária e de Sacrifício expiatório contidas na Eucaristia. Por outras palavras, não se deve celebrar a Eucaristia apenas para a Adoração e para o Louvor. Antes, A Eucaristia é SACRAMENTO DE SALVAÇÃO, DE EXPIÇÃO PELOS PECADOS, o que nos remete ao Calvário e à Ressurreição. O que ocorreu na tarde da quinta-feira é prefiguração, antecipação, do que se daria na tarde da sexta-feira, dia terrível em que Jesus foi morto, na Cruz.
Jesus nos deu a vida, e escolheu a Eucaristia, pão e vinho transformados em Seu Corpo e Sangue, para ser um sinal, memória – presença atualizadora daquele Sacrifício único e irrepetível. Assim, a Eucaristia é muito mais do que objeto de louvor e de Adoração. A ideia primeira não é a de adoração, mas a de vivência do Mistério Pascal, na vida dos cristãos, por meio de uma espiritualidade que seja, realmente, libertadora, no sentido de eliminar o pecado e todas as consequências dele, nas comunidades de fé: ódio, inveja, intriga, maledicência, exploração, fome, miséria, nudez.
De nada adianta adorar, sem agir para erradicar a fome, eliminar o ódio, a disputa pelo poder e tantas outras máculas visíveis nas comunidades. A solenidade de Corpus-Christi não é mera louvação, destituída de compromisso com a vida, com a ética, com a verdade e com o bem comum. Ela exige atitudes cristãs que estão muito além da mera adoração interesseira. Ela exige conversão de vida. Não é, tampouco, ocasião para a exibição de rendas pomposas, de elementos alheios à Liturgia do Vaticano II. É a solenidade do compromisso com a vida, com a fé amadurecida, vivenciada e testemunhada. É momento para refletir sobre a Igreja viva, missionária, em saída, conforme nos pede o Papa Francisco, autêntica autoridade de fé no Mistério Eucarístico.
Que esta solenidade desperte em nós os sentimentos de uma igreja servidora, compreensiva, acolhedora e libertadora, no mais puro significado da palavra. Que o Mistério Pascal de Cristo, permanentemente presente em nós, pela Eucaristia, nos inspire gestos de partilha generosa e de uma espiritualidade que nos permite enxergar e sentir a dor alheia como nossa, e que possamos agir para amenizar todo o pranto. A EUCARISTIA É PRESENÇA REAL DE CRISTO E COMPROMISSO COM A VIDA.
Essa é a Nossa Opinião.
(veiculado no dia 17 de junho durante o Programa “Linha Direta”)
Portal C8 Notícias
Foto: MSSPS/divulgação