
Assistimos, atormentados, às iniciativas de uma nova guerra, arquitetada pela Rússia, não apenas contra a Ucrânia, mas direcionada às grandes potências econômicas adversárias naturais da Rússia. É o desejo de triunfar como detentora de fontes energéticas, a partir do gás natural, mas é, também, expansionismo político, forçado pelo desejo de anexar territórios e medir forças, despontando como uma resistência à derrubada da extinta União Soviética.
Seja como for, o mundo está revirado, de ponta cabeça, pois uma guerra, neste atual contexto, quando o globo terrestre amarga uma experiência terrível de pandemia, quando a África espalha gritos de socorro para aplacar a fome, quando os países não desenvolvidos, na América Latina sobretudo, amargam a exclusão, a fome, o desemprego, a incidência de regimes totalitários parece prosperar, será o fim de muitos países, sobretudo se os conflitantes estiverem dispostos a usar armas nucleares.
A fome, a miséria, o desemprego, as migrações têm já se institucionalizado como verdadeiras guerras disfarçadas, em cujos campos de batalhas, a vida humana sempre vale muito menos do que os lucros e o poderio bélico. Em nome do capital, há vidas ceifadas, discriminadas, que se fazem calar por futilidades. É o império da arrogância humana que, se servindo de vários reforços advindos da estupidez e da insensatez, destrói, mata, assola vidas, famílias, sonhos, dignidade.
Em tempos em que o ser humano já navegou nas mais refinadas teias da tecnologia, o desejo de vingança, de destruir, de causar danos e de crescer por sobre a miséria alheia, continua ocupando o primeiro lugar. É contraditório usar a tecnologia de ponta para praticar atos tão antigos quanto a barbárie. E tudo isso, graças à motivação insana de mostrar força, arrogância, poder, prestígio e privilégios.
No mundo dividido entre os invasores e os invadidos, a vida parece não valer nada. Os valores que norteiam a existência e a convivência humanas parecem ruir, para dar lugar à insanidade, à estupidez e ao acúmulo. Em nome da vaidade, de um orgulho vil e desprezível, a morte impera, seja no mundo das ideias, seja na prática da exclusão dos pobres, dos idosos, dos indígenas e das minorias subjugadas, seja no lançamento de mísseis potentes. Tudo serve como expressão de uma postura massificante, destruidora da vida, contrária aos planos divinos. Neste mundo cão, pensar no próximo é algo que soa como terrorismo, pois vai de encontro aos anseios mais atrozes de quem deseja mandar, destruir e matar.
Estamos atravessando um instante difícil, sobretudo porque a guerra contra a COVID ainda não conheceu trégua. Uma guerra de mísseis, com arma nuclear ou com outas práticas igualmente nocivas à vida e à dignidade humana, poderá nos empurrar para o vazio existencial, para o nada, revelando-nos o que somos sem Deus.
Está na hora de implorar aos céus por clemência, por misericórdia. Nosso desejo é o mesmo do salmista: que a justiça e a paz se deem às mãos, para o abraço fraterno e solidário, no autêntico congraçamento entre os povos. A experiência, em todos os Continentes, já nos mostrou que a guerra não compensa. É a paz que devemos buscar, pela vida do entendimento entre todos, despojados de vaidades frívolas e de arrogância mórbidas. Não a guerra e sim a paz.
Essa é a nossa opinião.