
O empresário do transporte público de Aracaju Adierson Monteiro foi entrevistado na manhã desta segunda-feira, dia 05, no Programa “Cultura Noticias”. Ele destacou a realidade que o empresariado do setor está passando na capital, com problemas de investimentos e arrecadação abaixo do esperado.
Aiderson iniciou a conversa, informando que o transporte público em si é considerado um dos serviços essenciais. “Os 4 municípios da região metropolitana de Aracaju destinam mais de R$ 1 bilhão para saúde, que é também essencial, igualmente a educação e segurança pública. Enquanto isso, o transporte não recebe subsídios para funcionar. Por isso estamos numa situação muito delicada, que se agravou principalmente após a pandemia”, destacou.
O empresário do Grupo Progresso disse que em mais de 120 cidades do Brasil, as prefeituras entram com verba para subsidiar o transporte público. Aracaju é praticamente a única capital que não faz isso. “Maceió, aqui do nosso lado, investe mais de R$ 100 milhões para subsidiar o transporte e lá tem ônibus novos com ar condicionado. Está verba é algo específica, como comentei anteriormente, destinada a serviços essenciais”, acrescentou.
Adierson Monteiro também foi questionado sobre o custeio para as gratuidades, a exemplo do caso dos idosos. Ele afirmou que esse ponto está sendo avaliado pelo Congresso. “A verba para custear o transporte dos idosos está com um projeto e segue sob análise dos parlamentar em Brasília”, pontuou.

Questionado de onde vêm os ônibus novos da capital, Adierson disse que é praticamente tudo dos próprios donos de empresas. “A Prefeitura apenas faz a entrega simbólica, mas os veículos vem de nossa renda. Nós mesmo investimos alguns veículos, mas parte deles foi tomada pelo banco com o atraso de pagamento. Isso aconteceu na pandemia. Esta é a situação do nosso sistema de transporte”, lamentou.
Perguntado sobre a questão de valores, o empresário afirma que a capital sergipana deveria ter uma tarifa bem maior. “Veja que Maceió, com subsidio e ônibus novos agora foi para R$ 4. Aracaju, com R$ 4,50, não consegue cobrir. Aqui deveríamos ter valor médio de R$ 6,50. Isso porque não temos subsidio e a nossa integração, que com uma passagem a pessoa vai a vários locais da região metropolitana” declarou.
Sobre a manutenção do sistema, Adierson disse que é ruim, pois o serviço não recebe apoio do poder público. “O prefeito de Aracaju já sabe disso, mas até o momento não tem feito nenhum investimento. Dizer que vai ter melhorias no transporte coletivo sem investimento é pura falácia”, destacou.
Ao final, questionado sobre licitação, Adierson afirma que é preciso mais do que oportunidade de ampliar oferta,, mas garantir segurança para o empresariado do setor. “Muitos acham que a licitação é a solução por si só e não é. “É preciso garantia de segurança para investimento. É mentira resolver transporte com caneta. Mais fácil resolver o caos jogando para o transporte. Transporte coletivo não é uma ilha e tem problemas variados. Se saúde, educação e segurança, com verbas públicas não são de boa qualidade, como querer que o transporte público seja sem apoio?", finalizou.
Por Ceiça Dias
Redação C8
Foto: Rozendo Aragão