
Padre Everson Fontes Fonseca,
Vigário Paroquial da Paróquia São João Batista (Conjunto João Alves)
Quando apresenta-Se como "caminho, verdade e vida" (Jo 14,6), o Senhor Jesus faz-nos a séria proposta da fé.
Na "Noite das Instituições", na véspera da Sua Paixão redentora (na Quinta-Feira Santa, portanto), no Seu discurso de despedida, longo e profundo, o Cristo exorta aos Seus: "Não se perturbe o vosso coração. Tendes fé em Deus, tende fé em mim também. Na casa de meu Pai há muitas moradas. Se assim não fosse, eu vos teria dito" (Jo 14,1-2). Sabemos, pelas palavras do próprio Salvador, que o caminho certo para a vida imortal, imperecível e eterna é Ele mesmo. Pela virtude da fé, portanto, o nosso coração torna-se encorajado diante dos obstáculos que o viver nos impõe para o percurso desta via única de felicidade - por ser de salvação - Jesus Cristo.
Ainda pela fé, após trilharmos o certame a nós proposto que nos leva às moradas eternas, sempre esmerando-nos no bem, receberemos o infindável prêmio a nós reservado pelo próprio Deus. E isso o Senhor nos garante: "Vou preparar um lugar para vós, e quando eu tiver ido preparar-vos um lugar, voltarei e vos levarei comigo, a fim de que onde eu estiver estejais também vós" (Jo 14,3). Mesmo prenunciando que nos deixará a Sua ausência, afirmando que nos preparará um lugar, o Senhor não nos abandona à orfandade, mas falou como se dissesse: "Vou preparar-vos morada, mas continuo entre vós como caminho, o único certo". E, assim, pelo mistério do Seu Espírito, continua em nosso meio, porque também esta é Sua promessa quando se Sua ascensão: "Eis que estarei convosco todos os dias até o final dos tempos" (Mt 28,19).
O Senhor nos quer, eternamente, para Si. Mergulhados no Seu amor, seremos integrantes da divindade; seremos associados à glória. Mas, esta pertença eterna não deve ser imaginada para o post-mortem; ela já se dá pela experiência batismal, quando somos feitos filhos por adoção no único Filho de Deus, Jesus Cristo, nosso Senhor. Porém, esta nossa condição deverá ser reafirmada, cotidianamente, pelo "sentir com a Igreja", nossa Mãe.
Chama-nos bastante atenção o cognome que, por primeiro, a Igreja recebe e que é apresentada pelos Atos dos Apóstolos: "O Caminho" (cf. 9,2). Erra quem pensa que Cristo e a Igreja são realidades distintas, dissociáveis. Não. Não são. Cristo é a Cabeça da Sua Igreja e por ela dá a vida, abraçando-a como Esposa na aliança eterna consumada na Cruz. Legando-lhe a Sua missão redentora, Jesus deixa-a, unida a Si, como caminho de salvação, precisamente pelo anúncio que ela, incansavelmente, faz: o da Verdade-Cristo. Para chegarmos a Deus, só há uma possibilidade: a do caminho-Igreja. E a Declaração Dominus Iesus, sobre a unicidade e universalidade salvífica de Jesus Cristo e da Igreja, precisará: "Existe portanto uma única Igreja de Cristo, que subsiste na Igreja Católica, governada pelo Sucessor de Pedro e pelos Bispos em comunhão com ele" (n.17).
A Igreja é a mestra da fé. Ela faz as vezes de Jesus porque realiza a Sua obra de salvação. Como mestra da fé, deseja que nós, os seus filhos, nutramos esta mesma virtude que nos permite permanecer – até a eternidade bem-aventurada inclusive – nesta pertença ao único Senhor. Ouçamos a voz desta “pedagoga” que nunca cala a verdade, para que, nesta mesma luz, palmilhemos no caminho verdadeiro para a verdadeira vida.